quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Programas de trainees se voltam para o conhecimento técnico


A formação de futuros líderes é o mote da maior parte dos programas de trainees das empresas de grande porte. O objetivo é quase sempre atrair jovens talentos pensando em transformá-los nos gestores de amanhã. Não há mal nenhum nisso, mas há quem alerte para a miopia das empresas ao se esquecerem de formar bons técnicos, pessoas com conhecimento aprofundado em suas áreas de atuação que não necessariamente venham a ocupar cargos de chefia, mas que são especialistas em segmentos específicos. “Desde sempre, os programas são voltados para questões de liderança, até por um gap de liderança que sempre existiu”, avalia a consultora da LHH/DBM – especializada em transição de carreira e desenvolvimento de talentos – Geovana Magalhães.

Ela chama atenção para a necessidade de as empresas equilibrarem os perfis dos profissionais cujo foco está na liderança e outros cujas habilidades técnicas são mais destacadas. Geovana fala até em uma tendência quando se refere ao que poderíamos chamar de trainees técnicos. “Se você pensar na carreira em Y, que está se tornando uma realidade dentro das organizações, eu acredito que pode ser uma tendência sim”, afirma.

Algumas empresas já perceberam a necessidade de adaptação, como a Braskem, empresa do setor químico. Embora o ramo de atividade da companhia demande naturalmente a contratação e o desenvolvimento de profissionais técnicos, o programa de trainee só se adaptou a isso há dois anos. “Sentimos falta de trainees para atuar na área industrial”, explica a gerente de Atração de Talentos da companhia, Daniela Panagassi. “O processo petroquímico é extremamente específico e complexo, e a gente não consegue formar as pessoas de um dia para o outro.”

Para atender às necessidades específicas, a empresa dividiu o programa voltado aos recém-formados em dois eixos: de um lado ingressam jovens cujas competências se encaixam em cargos mais corporativos – como Finanças, Marketing e Recursos Humanos –, enquanto na outra ponta estão os chamados internamente de trainees industriais, que preferem jalecos brancos e óculos protetores. “Os candidatos às vagas disponíveis naquele trainee mais corporativo têm um perfil voltado para a comunicação, é outra habilidade, diferente da do trainee industrial”, explica a gerente. “Os candidatos com esse perfil mais técnico se inscrevem diretamente para o programa de Trainee Industrial”, informa.

O modelo, no entanto, não prescinde de oferecer uma visão 360 graus da empresa. Todos os trainees selecionados passam por um módulo inicial, mais abrangente, e que trabalha habilidades gerais, como comunicação, criatividade e, inclusive, liderança. “Porém, para o trainee industrial, temos, posteriormente, uma capacitação específica em processo petroquímico ou em processo de manutenção, que dura um ano e meio.”

Técnicos próprios

Na visão da diretora de Desenvolvimento da Oi, Patrícia Coimbra, é na falta de maior oferta de mão de obra qualificada no mercado de trabalho que reside a importância de as empresas não “descuidarem” do lado técnico na hora atrair seus futuros talentos. Foi esse o motivo que levou a empresa a criar, em 2008, o programa Trainee Expert, cujo foco é garantir o desenvolvimento das competências intrínsecas de cada candidato – sejam voltadas à gestão ou ao tecnicismo. “Com esse cenário [o da falta de profissionais qualificados], decidimos formar essa mão de obra especializada dentro de casa”, explica Patrícia. Para as vagas mais técnicas, a estratégia da Oi foi buscar os jovens na fonte, ou seja, nos cursos de exatas de universidades de todo o país. “Olhamos e avaliamos os candidatos com base no seu potencial”, diz a diretora.

Uma vez selecionados, os jovens passam por um processo de formação dividido em etapas. A primeira é justamente a especialização, um curso intensivo de quatro meses em telecomunicações, ministrado em parceria com o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Depois de nivelado o conhecimento básico sobre o negócio da empresa, o processo continua com mais dois anos de desenvolvimento, com vistas a ocupar as vagas técnicas identificadas como críticas na etapa inicial do programa.

Relação custo/benefício

A consultora Geovana Magalhães também destaca a relação custo/benefício do investimento neste tipo de treinamento. O primeiro ganho, em sua visão, é a aceleração do processo de especialização da mão de obra técnica, já que, se relegada apenas à experiência ao longo do tempo, essa especialização pode não acompanhar as mudanças do mercado ou as necessidades da própria companhia.

As empresas também ganham ao evitar o ônus de investir no talento “errado”. Geovana explica que, na medida em que os programas de trainee são vistos como uma oportunidade para os jovens, muitos deles, de perfil mais técnico, acabam se inscrevendo em processos focados em gestão. “Isso acarreta um desvio de interesses. Se você não observa isso desde o início pode investir em alguém que não quer uma carreira de gestão, ou que não vai se adaptar a ela”, conclui a consultora.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Para pesquisador, Google Glass será extensão dos olhos

Estrategista sueco é um dos palestrantes do The Next Web Latin America, primeira edição brasileira de um dos maiores eventos de internet do mundo
O sueco Michell Zappa é um estrategista de tecnologias emergentes que vive entre Berlim, São Paulo, Londres, Estocolmo e Amsterdã. Ele é um dos principais profissionais da Envisioning Technology, consultoria especializada em descobrir tendências no setor de tecnologia. Em seu trabalho, Zappa é perito em avaliar o comportamento humano e montar infográficos baseados em opiniões - e não em dados. Uma das previsões de Zappa é que o Google Glass, óculos com câmera e web integrados, será em um futuro não muito distante um produto tão popular quanto o tablet é hoje. "Com o tempo, a tela será uma extensão de nossos olhos", diz. Zappa é um dos palestrantes do The Next Web Latin America, primeira edição brasileira de um dos maiores eventos de internet do mundo, que acontece entre 22 e 23 de agosto, em São Paulo.
Qual é o trabalho de um estrategista de tecnologias?
Estar atento às novidades e tentar prever como e quando elas se adequarão às necessidades da sociedade. No ano passado, por exemplo, consegui mostrar que tecnologias individuais, como os carros sem motorista, serão comuns entre 2018 e 2019, e que a primeira expedição à Marte deve ocorrer em 2034.
O que o senhor acha do Glass, os óculos do Google com câmera e web integrados?
Trata-se de um conceito de vanguarda e os engenheiros envolvidos no projeto, e que trabalham no Google X Lab, sabem que eles estão construindo ficção científica. Esse produto chegará a poucos usuários, no início, e também será muito caro. Mas analisando a natureza dessa tecnologia é inevitável que ela não ganhe popularidade. Há 10 anos, as telas de TV eram grandes, pesadas e de baixa-definição. Hoje elas são menores, em LCD, e cabem na palma da nossa mão. A tendência, portanto, é que elas cheguem ao limite dos nossos olhos – numa espécie de óculos, por exemplo. O Glass segue esse conceito.
O Facebook está próximo de alcançar a marca de 1 bilhão de usuários. Como o senhor vê as redes sociais nos próximos anos?
O futuro será tão social quanto o passado. A diferença estará nas ferramentas de comunicação e na nossa capacidade de interagir com facilidade. O Facebook não muda nosso comportamento, mas amplia nossas possibilidades sociais de comunicação, conhecidas desde a época de Gutenberg, há mais de 500 anos. Fundamentalmente, essa é uma coisa boa. Essa marca de 1 bilhão é representativa. Essa não é a primeira vez, contudo, que uma rede levanta um debate na sociedade. O The Well, uma das mais antigas comunidades virtuais, criada em 1985, fez o mesmo. As redes sociais são inevitáveis e estão se tornando uma base para outros aspectos da sociedade, como o comércio. A sua rede de contatos, os seus amigos, têm influência sobre você. Isso não significa que eles lêem a mesma coisa ou assistem aos mesmos filmes. É nessa hora que a tecnologia social é mais efetiva. Quando ela serve como pano de fundo para outro tipo de negócio. Eu acho que em dois ou três anos o comércio social fará parte do nosso dia a dia.
O Brasil está na moda e muitas empresas de tecnologia estão se instalando no país. O senhor acha que São Paulo pode se transformar em um novo Vale do Silício?
Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Eu vou ao Brasil no final do ano para tocar os meus negócios porque acredito que o país está em um momento muito peculiar, já que receberá a Copa e a Olimpíada. Acho que essa é uma grande oportunidade para o país. O problema está na infraestrutura e na educação. Acredito que o Brasil possa ultrapassar criativamente outros mercados. Os brasileiros têm uma capacidade de se virar que não é encontrada em outras nações.
Um dos gráficos de Michell Zappa Os estudos de Zappa são apresentados na forma de gráficos. Uma de suas pesquisas, a Envisioning Emerging Technology for 2012 and Beyond, mostra através de 11 colunas quais tecnologias serão populares nos próximos 28 anos. Ele divide as previsões em grandes temas, como inteligência artificial, sensores, robótica, biotecnologia, entre outros e faz uma análise, ano a ano, do que acontecerá com cada um deles até 2040. Na coluna cinza, à direita, o gráfico exibe dados que reforçam as expectativas. Por exemplo: em 2020, um computador de 1.000 dólares terá a mesma capacidade do cérebro humano, segundo o Ray Kurzweil, autor do livro The Singularity is Near. A teoria justificaria, então, a ideia do estrategista sobre a popularidade da telepresença (confira suas conclusões abaixo). Zappa colhe dados para seus gráficos em pesquisas científicas, blogs de tecnologia e publicações de cultura digital. Depois cruza essas informações com estatísticas fornecidas por empresas, índices do mercado e artigos especializados.
Acesse o gráfico: http://envisioningtech.com/envisioning2012/

Mantenha acesa a sua paixão, e nunca desista

O canadense Ryan Hreljac conta como, aos seis anos de idade, abraçou a causa de levar água a quem não tem acesso a ela
Com apenas seis anos de idade, o canadense Ryan Hreljac, hoje com 20 anos, deu início a um projeto que mudou não só sua vida, mas também as de milhares pessoas que nem conhecia. Tudo começou com uma descoberta que virou de ponta-cabeça sua concepção infantil do mundo. Em 1998, sua professora, a Sra. Prest, relatou em sala de aula que milhões de cidadãos de diversos países não tinham o mesmo padrão de vida que ele e seus colegas. Ryan ficou chocado ao descobrir que muitos se viam obrigados a caminhar por horas apenas para conseguir água, uma coisa que era banal para ele – e, muitas vezes, aquilo a que tinham acesso era mais parecido com lama. A Sra. Prest estimou, com base em sua experiência local, que talvez fosse possível construir poços nessas localidades a um custo unitário de 70 dólares. Ryan voltou da escola cheio de ideias.
Hoje, Ryan tem 20 anos e estuda no curso de Desenvolvimento Internacional e Ciência Políticas do King’s College em Halifax, na costa leste do Canadá. Ele amadureceu as ideias que teve aos seis anos e hoje lidera uma fundação que possui seu nome: a ‘Ryan´s Well’ (ou ‘O poço de Ryan’, na tradução para o português). Criada em 2001, do alto dos dez anos de Ryan, a instituição já ajudou a construir mais de 700 poços e 900 latrinas em todo o mundo em desenvolvimento, levando água potável e saneamento básico para mais de 745.000 pessoas.
Você era tão jovem quando começou a angariar dinheiro para projetos na África. Como essa ideia surgiu?
A ideia surgiu em janeiro de 1998, quando tinha seis anos de idade e pensava que todas as crianças do mundo viviam como eu. Certo dia, começamos a falar na sala de aula sobre os países em desenvolvimento. A minha professora, a Sra. Prest, nos explicou que as pessoas desses locais não possuem a maioria das coisas que temos aqui no Canadá. E ela não parou por aí. Relatou que alguns africanos andavam por horas somente para conseguir um pouco de água suja. Disse ainda que muitos estavam doentes e que alguns morriam por falta de acesso a água potável. Fiquei simplesmente chocado e muito triste.
A Sra. Prest havia dito que 70 dólares seriam suficientes para construir um poço na África. Então fui para casa todo esperançoso e pedi para meus pais ajudarem. Lógico. Eles disseram, no entanto, que eu mesmo poderia fazer tarefas extras para ganhar o dinheiro. Daí, eu trabalhei por quatro meses para ganhar os 70 dólares. Soube depois que o “meu poço” iria custar 2 mil dólares para ser aberto em um lugar como Uganda. Com isso, aprendi que o problema era muito maior do que eu tinha percebido. Decidi prosseguir e meu projeto de criança tornou-se a Fundação Ryan´s Well.
O que o convenceu tão cedo de que poderia fazer a diferença?
Tudo que tinha de fazer para chegar ao bebedouro e ter água limpa era dar nove ou dez passos. Era fácil demais. Antes daquele dia na escola, achava que todo mundo vivia como eu. Quando descobri que não, decidi que tinha que fazer algo. Então, além das minhas tarefas extras, comecei a contar a familiares e amigos sobre a crise da água na África na tentativa de arrecadar dinheiro para abrir poços.
Seus pais o influenciaram?
Sem minha família, nada do meu trabalho teria sido possível. Eles não me deram os 70 dólares que eu precisava, mas disseram que tinha de ganhar com próprio esforço. Foi uma lição fundamental. Desde então, comecei a trabalhar no meu projeto e a falar às pessoas para aumentar a conscientização sobre as questões da água. No início da Ryan´s Well, o escritório era no porão de nossa casa. Agora temos um pequeno escritório em endereço próprio com uma equipe de sete pessoas: três ficam em tempo integral e quatro trabalham meio período. Contamos ainda com a ajuda preciosa de muitos voluntários.
E como era para uma criança atrair parceiros para o projeto?
Nunca pensei que não poderia fazer isso. Mesmo sendo garoto, fui falar em clubes e nas salas de aula sobre o projeto. Contei a quem quisesse ouvir a minha história. Tudo com o intuito de arrecadar dinheiro para o meu primeiro poço e depois outro, e outro, e outro.
Quais são suas recomendações para jovens com ideias inovadoras, que tenham perfil de liderança e queiram fazer a diferença no mundo?
Eu sempre pensei que o mundo é como um quebra-cabeça bem grande e todos temos de descobrir onde nossa peça se encaixa. Para mim, é água. Portanto, meu conselho a alguém que queira fazer uma mudança positiva no mundo, é encontrar algo que lhe traga paixão e, depois, siga nessa linha. Eu era apenas uma criança quando comecei a agir. Espero que minha história seja um exemplo de que todos podemos fazer a diferença. Mantenha sua ideia, mantenha acesa sua paixão, e nunca desista. Não importa quem você seja, onde você mora ou o que faz. Aliás, nunca é cedo demais para mudar o mundo.

Pesquisa: 51% dos jovens querem empreender em 6 anos

"Levantamento com 46.107 jovens brasileiros das cinco regiões do país indica que 56% deles querem abrir um negócio. Eike Batista é o "líder mais admirado"
Ter um negócio próprio já faz parte dos sonhos de 56% dos jovens brasileiros, sendo que 51% deles pretendem empreender em um prazo de até 6 anos. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Cia de Talentos, agência de recrutamento, em parceria com a Nextview People, empresa de pesquisas em gestão e desenvolvimento de pessoas.
Em sua 12º edição, a pesquisa ouviu 46.107 pessoas entre 20 e 26 anos das cinco regiões do país. O resultado mostra uma mudança abrupta em relação ao ano passado. Ao responder a pergunta “qual o nome da empresa de seus sonhos?”, a resposta “negócio próprio” ficou em 4º lugar neste ano - atrás apenas de trabalhar no Google, na Petrobras e na Vale. Em 2011, 101 empresas foram mais citadas do que o desejo de empreender.
Para a consultora de recursos humanos e sócia da Cia de Talentos Maíra Habimorad , o resultado está atrelado a maior busca da geração Y por satisfação pessoal. “Os jovens querem trabalhar em uma área com a qual se identifiquem. Então, nada melhor do que criar um negócio em um setor que tenham interesse”. Segundo ela, são identificadas duas grandes necessidades na faixa etária avaliada: “vontade de realizar-se profissionalmente fazendo o que gosta e de deixar uma marca positiva no mundo”.
Segundo ela, os bons exemplos de jovens empreendedores, como o amplamente citado Mark Zuckerberg (criador do Facebook), estimulam os mais novos a empreender, mesmo diante de outras alternativas profissionais. “A tecnologia permite que muitos jovens arrisquem por vontade, não somente por necessidade”, afirma
Os jovens da região Norte são os que mais querem ter um negócio próprio, seguidos pelos da Centro-Oeste, Sul e Nordeste. O Sudeste do país fica com a última posição. “As regiões Norte e Nordeste são menos saturadas, o que torna um pouco mais fácil criar algo”, considera Maíra. Ao mesmo tempo em que aumentou o interesse pelo empreendedorismo, diminuiu de 87% para 75% o índice dos que também avaliam trabalhar em empresas privadas.
No quesito taxa de empreendedorismo (porcentagem de empreendedores em relação à população adulta do país) o Brasil ficou com a 8ª posição entre 54 países analisados. Está à frente, por exemplo, dos Estados Unidos, que atingiram apenas o 16º lugar. Contudo, o país ainda está bem distante dos vizinhos Peru e Colômbia, em que 82% e 77% dos jovens, respectivamente, afirmaram que gostariam de empreender.
Líder - Eike Batista foi a personalidade mais citada pelos jovens brasileiros na questão “líder mais admirado”. Empreendedorismo e capacidade de inovar do empresário foram as justificativas utilizadas por 61% dos entrevistados para a escolha.
Amostragem menor - Uma pesquisa realizada em 2011 pela Nextview People com 4.000 jovens em todo Brasil trouxe resultados ainda mais surpreendentes. Isso porque 78% dos entrevistados afirmaram que têm a intenção de empreender.
Mais da metade (54,3%) alegou que gostaria de abrir um negócio porque acredita que, desta forma, conseguirá independência financeira ao mesmo tempo em que realiza algo “interessante”. Outros 37,2% admitem que precisam aprimorar seus conhecimentos para gerir um negócio.
O estudo indica também que 12,5% dos jovens já se definem como empreendedores, sendo que quase todos (95,5%) se consideram felizes profissionalmente e mais de 50% atua no segmento de serviços.

Educação a distância ou educação presencial? Um falso dilema

“Poderá um dia a educação a distância exterminar de vez as escolas de tijolo? Pouco provável, até onde se consegue enxergar o futuro, pois o encontro presencial não é dispensável pela educação a distância de boa qualidade”
A aceitação de novas ideias implica no abandono de velhas crenças. É nesse ponto que mora a dificuldade: como abandonar ideias profundamente enraizadas, cristalizadas ao longo da vida? A escola, como local de aprendizado, é um modelo solidamente instalado na cabeça das pessoas: a escola é de tijolo, com salas de aulas e carteiras enfileiradas onde ficam os alunos a ouvir um professor que fala sozinho o tempo todo. Esse modelo de escola tem mais de mil anos, compreensível, portanto, que essa imagem esteja fortemente enclausurada nas mentalidades.
No limiar do século 21, entretanto, as tecnologias de informação e comunicação oferecem inúmeras e atraentes possibilidades à educação, na modalidade agora conhecida como educação a distância. Possibilidades, todavia, que devem ocorrer em um outro modelo, como de aprendizagem fora da sala de aula, em um ambiente virtual, onde tudo ocorre em tempo real. Esse ambiente virtual de aprendizagem também necessita de um professor, mas não do professor do velho figurino verbalista e autoritário, mas de um professor que seja mediador, incentivador da pesquisa, do questionamento e da interação com os alunos.
A educação a distância – que se utiliza intensamente dessas tecnologias – nada mais é do que a expansão dos limites e das possibilidades restritas pela velha sala de aula feita de tijolos. No ambiente virtual, professores e alunos podem se lançar em uma grande aventura de aprendizado, pesquisando textos, imagens e vídeos, trocando ideias em fóruns de discussão, realizando trabalhos em grupo através das ferramentas wiki e conversando com gente de qualquer lugar do mundo por meio das webconferences. A educação a distância não conflita com a educação presencial. Não são mutuamente excludentes, não há oposição entre elas. O encontro presencial com as pessoas é rico e sempre será indispensável. Mas a distância também podemos interagir fortemente com as pessoas, inclusive com pessoas que jamais teríamos a oportunidade de conversar e trocar ideias se não fosse o ambiente virtual. As atividades presenciais e a distância são complementares. Por isso uma boa escola presencial jamais dispensa as atividades virtuais, bem como um bom curso a distância sempre incentiva o encontro presencial.

segunda-feira, 26 de março de 2012

4 conselhos de carreira para quem migra para uma pequena empresa

Especialistas afirmam que é preciso foco no plano de carreira e evitar comparar com o antigo emprego

A decisão está feita, você pediu demissão e irá enfrentar um desafio: sair de uma empresa grande (de marca consolidada) e ir para uma empresa menor ou para uma startup. A única certeza e porque não dizer que o grande desafio será o lidar com problemas que até então faziam parte da sua área de conforto. Começará tudo outra vez.

O sentimento de frustração é comum e persistirá, afinal de contas os “nãos” estarão aí para serem ditos e glamour já terá indo embora e talvez ainda o veja dobrando a esquina.Este caos momentâneo deve ser encarado como uma oportunidade para fazer dessa mudança um case de sucesso.

Os especialistas ressaltam que antes de aprender a lidar com a mudança de emprego, o profissional tem que ter certeza de que deixar o emprego é a decisão certa e está alinhada com o seu plano de carreira. Confira abaixo, outros conselhos:


1. Alinhe suas expectativas

“Por que quero sair da empresa? Quais sãos os prós e contras de trabalhar aqui?”, são perguntas que o profissional deve fazer para que tenha certeza das razões pelas quais ele está deixando o emprego para assumir um cargo numa companhia de porte menor.
Colocar no papel todos os prós e contras ajudará o profissional a lidar melhor com a mudança. Ao sair de uma empresa grande, o profissional poderá tirar do baú ideias que eram reprimidas e terá a chance de trazer para o novo ambiente de trabalho.


2. Converse com outros profissionais

Por meio de depoimentos de outros colegas que também fizeram o mesmo caminho é possível ter uma previsão das dificuldades que o profissional enfrentará. É natural e bom procurar apoio em pessoas que já passaram pela mesma situação.


3. Investigue sobre seu novo local de trabalho

Durante o processo de transição o profissional não deve hesitar em perguntar sobre como é a rotina da empresa para o qual ele está indo. Questione sobre os processos, os objetivos de cada segmento da empresa e até mesmo o que eles estão esperando de você.
As principais vantagens de uma empresa menor devem ser levadas em conta: a proximidade entre os pares e chefes é maior, não existem tantos níveis hierárquicos e a burocracia também é menor.


4. Tenha paciência

O profissional não deve criar uma falsa expectativa de que esse “momento” passará rápido. Esse período pode demorar mais que do que o profissional esperava. Ele irá lidar com uma margem bem mais baixa de investimento, por exemplo e isso não pode ser encarado de forma negativa.
Quando um profissional sai de uma empresa grande e vai para uma menor, ele tem que ter uma dose de empreendorismo e muito foco. Imaginar que todo dia é um dia muito importante e que irá realizar um excelente trabalho. Comemore cada conquista.
O saudosismo pode atacar em momentos difíceis, mas os especialistas recomendam evitar a comparação com o que ele fazia antes e focar nos motivos que o fizeram sair da empresa. O profissional que sabe lidar com problemas e tem jogo de cintura é mais valorizado no mercado do que aquele que se acomodou.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fazer o bem também é um bom negócio

Ainda não são todas as empresas, mas várias delas já se conscientizaram que, na era da sustentabilidade – conceito que envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais –, devem explicações também para a sociedade. Muitas organizações têm optado por unir interesses comerciais e sociais por meio da capacitação profissional, afinal pessoas bem preparadas tendem a se tornar funcionários mais eficientes. É essa a essência de institutos e fundações criadas por grandes organizações. A reportagem procurou três delas, exemplos de que fazer o bem é um bom negócio.

Olho no futuro

O Instituto Nextel foi criado em 2006 por iniciativa dos próprios colaboradores, que procuraram a diretora da empresa com a ideia de criar uma frente de trabalho na área social. A causa foi abraçada pela organização, que optou por focar em programas de aprendizagem e profissionalização de jovens entre 16 e 24 anos em situação de risco social. Eles são encaminhados ao Instituto Nextel pelas escolas públicas e associações no entorno de cada uma das quatro unidades. O trabalho se divide em diferentes programas: o Conexão Direta (que capacita em atendimento em informática); o Conexão Digital (sobre mídias interativas); e o Inclusão de Talentos (voltado para pessoas com deficiência). Em todos eles, o foco é oferecer cursos que permitam aos beneficiados se capacitarem para as demandas, presentes e futuras, do mercado de trabalho. “O Conexão Digital, por exemplo, é uma parceira com a Agência Click com o objetivo de ampliar o olhar para as possibilidades de mercado”, explica a coordenadora do Instituto, Ednalva Aparecida de Moura dos Santos. A ideia é formar web designers capacitados também para trabalharem de forma autônoma. “Que são os profissionais procurados pelas agências de publicidade”, diz Ednalva, para quem a ação é uma extensão da própria filosofia da empresa de “sempre investir em talentos.”

Inclusão pela beleza

Objetivo semelhante tem o projeto Preciosas, criado em outubro de 2010 pela rede de salões de beleza Jacques Janine para formar profissionais em cuticulagem e pintura de unhas – mas engana-se quem pensa em simples manicures. “Por meio do projeto são incluídas outras disciplinas, como alongamento de unha, biossegurança (para que a profissional entenda e previna todas as formas de contaminação do seu material de trabalho) e técnicas spazianas (cuidados com mãos e pés como um todo, não apenas com a unha)”, explica Flávia Lopes, coordenadora do projeto. O parceiro na empreitada é o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que oferece a docência e os certificados. A rede de salões entra com o espaço para as aulas, a disciplinas extras na grade curricular e a recolocação no mercado. “A empresa foi atrás de parceiros que tivessem know how na área – cujo curso fosse reconhecido pelo Ministério da Educação etc”, explica Flávia. A intenção, segue a coordenadora, era atender a demanda por profissionais qualificados, uma falta sentida tanto pela rede Jacques Janine quanto pelo mercado em geral. Nos cursos, as alunas recebem ainda noções de empreendedorismo para que possam criar seus próprios espaços de trabalho – embora a maioria não desperdice a chance de uma temporada na grande rede de salões antes de tentar vôos solos. “A maioria delas, cerca de 80%, fica conosco para entender o conceito, conhecer um grande salão, saber como funciona a parte administrativa, o que acaba sendo uma experiência para elas”.

Tempo de refletir

Nas ações da Fundação Telefônica no campo de preparação para o mercado de trabalho, o conteúdo não é técnico, mas nem por isso menos importante. Os programas abordam questões na área comportamental, discutem a relação do mercado com os ofícios do século 21 e refletem sobre as novas tecnologias. São várias iniciativas, entre as quais a Garoto Vivo, em parceria com o Instituto Via de Acesso, que atua na relação entre empresas e escolas. A ação consiste no desenvolvimento de cursos nos quais são trabalhadas questões como comportamento, projeto de vida, postura e comunicação, e ainda os conceitos de competência, trabalho em equipe e ética. “Valores que a gente identifica hoje como pontos críticos para a inserção do jovem no mercado de trabalho”, observa a gerente de educação, cultura e juventude da Fundação Telefônica, Mílada Gonçalves. Em 2011, os trabalhos foram realizados nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Viamão, no Rio Grande do Sul, beneficiando 100 jovens entre 14 e 18 anos, geralmente vindos da periferia. Outra iniciativa é o Ciclo de Novas Profissões – que, em 2011, foi realizado em sete cidades brasileiras, reunindo jovens e especialistas para debater o conceito de trabalho, refletir sobre quais profissões seguir e sobre como conciliar trabalho e vida pessoal, além de abordar o papel das novas tecnologias no mundo das profissões. “Essa ação também foca o público jovem”, explica a coordenadora. “Porém, dá um passo adiante com relação ao Garoto Vivo. Dessa forma, uma estratégia complementa a outra”, afirma.

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